Quarto da mãe de Vilian e Leandro
Banheiro
Detalhe da sala, com escada
Detalhe da sala, com escada
Quarto do Leandro
Janela
"À produção do Lar doce Lar
Contar a história da nossa casa não é fácil. Ela começa antes de eu nascer.
Quando meus pais casaram moravam de aluguel e de tanto minha mãe insistir, acabaram fazendo um financiamento de um apartamento pequeno no centro da cidade. Quando se mudaram, eu já era nascida e tinha uns 6 meses mais ou menos(1975 ou 76). Vivemos nesse apartamento pequeno, porém bem ajeitadinho por 10 anos. Quando nasceu meu irmão(em 1985), portador de síndrome de down, por vergonha, por não entender direito o que era o problema e para ter mais espaço, nos mudamos para a zona leste de São Paulo, mais precisamente para o bairro Vila Guilhermina. Moramos de aluguel por 5 anos, até que meus pais resolveram vender o apartamento e comprar uma casa no bairro em que morávamos. Lembro que chegamos a ver uma casa linda, mas não deu certo. Tinha quer ser o que chamam de venda casada, venda lá, compra aqui. Acabaram comprando essa casa, na qual moramos hoje. Meu pai não queria comprar, queria empregar o dinheiro e esperar coisa melhor. Porém houve a mudança de governo, (Collor-1990) e a família achou melhor comprar logo porque não se sabia o que viria no novo governo. Ainda bem que meus pais ouviram, ou nem casa teríamos hoje.
Desde o dia que eu vi essa casa, não gostei. Não queria morar nela de jeito nenhum. Naquela época eu era uma menina de 14 anos que morava numa casa bonita, alugada, mas bonita, e não queria de jeito nenhum uma casa inferior. Não teve jeito.
A casa sempre precisou de reforma, mas nunca recebeu nenhuma. Ao contrário, foi se deteriorando com tempo. O carpete dos quartos e da escada arrancado porque estava feio e não limpava mais. Ficou no piso rústico até hoje. As janelas começaram a quebrar, as portas também e foi ficando. A nossa grande esperança era que quando meu pai se aposentasse pudéssemos reformar. Só que, infelizmente, meu pai tinha o vício do alcoolismo e piorou com a aposentadoria. Por conta do vício dele sempre passamos por dificuldades, e depois que ele se aposentou piorou e feio. Ele até comprou algumas coisa pra casa porque precisava mesmo, como fogão e geladeira. Também tentamos montar um comércio que fechou antes de completar um ano. Nada dava certo. E a casa continuava se deteriorando. Meu irmão cresceu nesse ambiente de falta de tudo, somado à brigas por causa das bebedeiras do meu pai. E nessas brigas sempre quebrava mais alguma coisa na casa. Até as portas dos quartos foram nessa.
Meu pai faleceu de cirrose, menos de 2 anos depois da aposentadoria, em 1998. Foi horrível vê-lo definhando até a morte. Meu irmão sofreu mais.Após a morte do meu pai, minha mãe conseguiu trocar portas e janelas e só. Nunca conseguimos pintar e acabaram estragando novamente. A pensão que ela recebe é suficiente para sustentar a casa e sobra um pouquinho até. Mas não é suficiente pra fazer a reforma necessária.
Há alguns anos, meu irmão, hoje com 23 anos, tomou consciência do estado da casa. Acho que começou a tomar essa consciência ao ver o quadro Lar Doce Lar. Aí começou nossa agonia. Ele chora, briga, diz que a casa é feia e antiga, que quer ir embora de casa. Eu sofro com isso.
Minha mãe por outro lado morre de vergonha da casa. Sonha em arrumar, mas não consegue. Não gosta nem de receber visitas porque tem vergonha mesmo. Eu, no fundo, também tenho vergonha, e percebo que algumas pessoas, até familiares não gostam muito de vir aqui porque a casa é feia.
Meu irmão sonha tanto em arrumar essa casa que até desenhos de como quer o quarto dele ele faz. E isso só nos faz sofrer mais ainda. Eu, apesar de trabalhar, ter diploma superior, não tenho condições de ajudar minha mãe com o que eu ganho.
Recentemente minhas amigas Claudia e Andrea, que conheci na internet, vieram me visitar. Elas viram o estado da casa e os desenhos do Leandro (meu irmão). Bastou pra que elas tivessem a idéia de escrever essa carta e pedir a reforma da casa no Lar doce lar do Caldeirão do Huck. Fiquei profundamente emocionada, pois só com a ajuda do programa posso realizar o sonho da minha mãe e do meu irmão. Eu não quero nada pra mim, quero pra eles, porque eles são tudo o que eu mais amo nessa vida.
Acho que não tenho mais nada pra contar, e também não tenho mais como escrever pois a emoção já tomou conta de mim e as lágrimas vieram. Só me resta esperar e torcer pra conseguir ser sorteada."
Vilian de Rosa Verardo
Contar a história da nossa casa não é fácil. Ela começa antes de eu nascer.
Quando meus pais casaram moravam de aluguel e de tanto minha mãe insistir, acabaram fazendo um financiamento de um apartamento pequeno no centro da cidade. Quando se mudaram, eu já era nascida e tinha uns 6 meses mais ou menos(1975 ou 76). Vivemos nesse apartamento pequeno, porém bem ajeitadinho por 10 anos. Quando nasceu meu irmão(em 1985), portador de síndrome de down, por vergonha, por não entender direito o que era o problema e para ter mais espaço, nos mudamos para a zona leste de São Paulo, mais precisamente para o bairro Vila Guilhermina. Moramos de aluguel por 5 anos, até que meus pais resolveram vender o apartamento e comprar uma casa no bairro em que morávamos. Lembro que chegamos a ver uma casa linda, mas não deu certo. Tinha quer ser o que chamam de venda casada, venda lá, compra aqui. Acabaram comprando essa casa, na qual moramos hoje. Meu pai não queria comprar, queria empregar o dinheiro e esperar coisa melhor. Porém houve a mudança de governo, (Collor-1990) e a família achou melhor comprar logo porque não se sabia o que viria no novo governo. Ainda bem que meus pais ouviram, ou nem casa teríamos hoje.
Desde o dia que eu vi essa casa, não gostei. Não queria morar nela de jeito nenhum. Naquela época eu era uma menina de 14 anos que morava numa casa bonita, alugada, mas bonita, e não queria de jeito nenhum uma casa inferior. Não teve jeito.
A casa sempre precisou de reforma, mas nunca recebeu nenhuma. Ao contrário, foi se deteriorando com tempo. O carpete dos quartos e da escada arrancado porque estava feio e não limpava mais. Ficou no piso rústico até hoje. As janelas começaram a quebrar, as portas também e foi ficando. A nossa grande esperança era que quando meu pai se aposentasse pudéssemos reformar. Só que, infelizmente, meu pai tinha o vício do alcoolismo e piorou com a aposentadoria. Por conta do vício dele sempre passamos por dificuldades, e depois que ele se aposentou piorou e feio. Ele até comprou algumas coisa pra casa porque precisava mesmo, como fogão e geladeira. Também tentamos montar um comércio que fechou antes de completar um ano. Nada dava certo. E a casa continuava se deteriorando. Meu irmão cresceu nesse ambiente de falta de tudo, somado à brigas por causa das bebedeiras do meu pai. E nessas brigas sempre quebrava mais alguma coisa na casa. Até as portas dos quartos foram nessa.
Meu pai faleceu de cirrose, menos de 2 anos depois da aposentadoria, em 1998. Foi horrível vê-lo definhando até a morte. Meu irmão sofreu mais.Após a morte do meu pai, minha mãe conseguiu trocar portas e janelas e só. Nunca conseguimos pintar e acabaram estragando novamente. A pensão que ela recebe é suficiente para sustentar a casa e sobra um pouquinho até. Mas não é suficiente pra fazer a reforma necessária.
Há alguns anos, meu irmão, hoje com 23 anos, tomou consciência do estado da casa. Acho que começou a tomar essa consciência ao ver o quadro Lar Doce Lar. Aí começou nossa agonia. Ele chora, briga, diz que a casa é feia e antiga, que quer ir embora de casa. Eu sofro com isso.
Minha mãe por outro lado morre de vergonha da casa. Sonha em arrumar, mas não consegue. Não gosta nem de receber visitas porque tem vergonha mesmo. Eu, no fundo, também tenho vergonha, e percebo que algumas pessoas, até familiares não gostam muito de vir aqui porque a casa é feia.
Meu irmão sonha tanto em arrumar essa casa que até desenhos de como quer o quarto dele ele faz. E isso só nos faz sofrer mais ainda. Eu, apesar de trabalhar, ter diploma superior, não tenho condições de ajudar minha mãe com o que eu ganho.
Recentemente minhas amigas Claudia e Andrea, que conheci na internet, vieram me visitar. Elas viram o estado da casa e os desenhos do Leandro (meu irmão). Bastou pra que elas tivessem a idéia de escrever essa carta e pedir a reforma da casa no Lar doce lar do Caldeirão do Huck. Fiquei profundamente emocionada, pois só com a ajuda do programa posso realizar o sonho da minha mãe e do meu irmão. Eu não quero nada pra mim, quero pra eles, porque eles são tudo o que eu mais amo nessa vida.
Acho que não tenho mais nada pra contar, e também não tenho mais como escrever pois a emoção já tomou conta de mim e as lágrimas vieram. Só me resta esperar e torcer pra conseguir ser sorteada."
Vilian de Rosa Verardo
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